Hora de alimentar a alma e a imaginação
As crianças descobrem o prazer das histórias e o mundo da criatividade é alimentado.
No último dia do festival, uma mesa para discutir a atividade que alimenta a alma da biblioteca: a contação de histórias. Os mediadores de leitura Ceça Silva, da Caranguejo Tabaiares, na Zona Oeste do Recife, e Rafael Andrade, da Biblioteca Popular do Coque, na área central da cidade, conversam a partir das 9h. O encontro será transmitido pelo canal da Biblioteca Caranguejo Tabaiares, no YouTube.
Os representantes das duas unidades, vizinhas de território e de lutas pelo direito ao livro e à cidadania, vão falar sobre a importância da biblioteca na vida das comunidades e do compromisso dos mediadores, que trabalham para estimular a leitura, especialmente entre a garotada. "Em muitas periferias, a biblioteca comunitária é o único instrumento cultural, muitas vezes o único espaço de convívio social. A biblioteca é viva, pois não é só um espaço com estantes e livros, mas um espaço onde os livros são lidos, emprestados, onde a leitora e o leitor se sentem acolhidos", destaca Rafael Andrade.
"Mediar leitura é criar pontes entre o livro e quem quer ler. Isto numa comunidade periférica, onde o único espaço cultural e de fomento à leitura é uma biblioteca comunitária, torna-se uma potência transformadora. Abrir um livro, hoje, além de um ato de amor (parafraseando Paulo Freire) é um símbolo de resistência literária, de uma educação que busca a autonomia e liberdade", ressalta Rafael Andrade.
Nos três anos em que atua como mediadora de leitura na Caranguejo Tabaiares, Ceça Silva observa um aumento constante da presença de crianças e adolescentes procurando livros na biblioteca. "Quando a gente faz da leitura um momento de prazer desperta nelas o desejo de conhecer os livros e vivenciar suas próprias experiências através da leitura", constata.
"O contato com as crianças renova minhas energias e me faz acreditar em um futuro melhor para a humanidade. Com elas voltei a vislumbrar a possibilidade de me tornar uma pedagoga. Um sonho", diz Ceça Silva, mulher negra mãe cristã moradora de Caranguejo Tabaiares há 38 anos, mediadora de leitura na biblioteca comunitária desde 2019.
Em tempos nos quais ter saúde, emprego, comida na mesa é cada vez mais difícil, Rafael Andrade acrescenta a leitura na lista dos direitos humanos "É como Antonio Candido (literato e crítico brasileiro, 1918-2017) disse uma vez:, a leitura é um direito inalienável, tal como o de comer todos os dias", enfatiza, acrescentando que periferia gosta de ler e valoriza o livro. "Infelizmente são criadas barreiras para o acesso", comenta Rafael, lembrando que o governo federal tem dificultado a democratização da leitura ao querer aumentar a taxa de impostos e alardear que somente os ricos leem.
A mediação do encontro "Mediar e contar histórias nas bibliotecas comunitárias" será feita pela estudante de Biblioteconomia da UFPE Laís Cardoso, que atua em Caranguejo Tabaiares, e pela estudante de Pedagogia Luara Seridó, presente na comunidade do Coque Acompanhe o festival também pelo Instagram @biblioteca.cct
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