MESA DE DEBATE "PROJETO DE MEMÓRIAS"
O encontro, mediado pelo coordenador da Biblioteca Comunitária Caranguejo Tabaiares (BCCT), Reginaldo Pereira, teve a participação da professora Alexandrina Guedes, representando a Biblioteca Pública Municipal Hercília Bezerra Bandeira de Melo, de Igarassu, e da escritora, poeta e contadora de histórias Stela Siebra Brito, parceira da BCCT. Elas apresentaram suas experiências envolvendo o resgate da memória coletiva, através da oralidade.
A Biblioteca Municipal de Igarassu foi inaugurada em 1969, na gestão do prefeito Clóvis Lacerda Leite. Há mais de dez anos ela funciona no Sítio Histórico da cidade.
Xanda Guedes, como é carinhosamente chamada, mostrou o trabalho no município do Grande Recife. Um montão de gente participou e foi difícil escolher apenas dez depoimentos. Eles vão virar um documentário e um livro. "Percebemos que a memória contemporânea de Igarassu estava sendo esquecida, deixada de lado", explica Alexandrina, idealizadora do projeto junto ao bibliotecário Moacir Júnior. "O homem tem a necessidade de lembrar, pois ao revisitar sua história pode analisar acertos e erros na sua trajetória, podendo estabelecer caminhos diferentes para seu futuro", alegam na elaboração do documento.
O projeto "Pela janela da memória: as narrativas orais na rememoração da história contemporânea de Igarassu" começou em 2018 e, devido à pandemia de covid-19, só terminou em setembro deste ano. "Apesar de momentos difíceis, de muitos de nós termos adoecido e de a biblioteca ter ficado fechada (no período mais crítico da pandemia), finalizamos os trabalhos. A gente conclui que isso só foi possível graças às bênçãos de Santo Antônio e dos santos Cosme e Damião", brinca Alexandrina. A biblioteca funciona no Sítio Histórico de Igarassu há mais de dez anos e fica entre as duas igrejas.
"Biblioteca é para isso, para ter gente, pessoas conversando, ouvindo histórias, expondo trabalhos. Um espaço realmente cultural"
Já Stela Siebra, que iniciou seu depoimento narrando o poema "O Tejo", resgatou o trabalho desenvolvido com o grupo de idosos da Comunidade Caranguejo Tabaiares, em 2009. O poema do português Fernando Pessoa serviu para traçar a importância de cada um ressaltar sua história e destacar o pertencimento, de valorizar o que cada um tem. "O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia. Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia", registra Pessoa. "Cada coisa que um povo tem - seu registro, sua memória afetiva - é o importante para a comunidade, e ela é mais importante que qualquer outra por ser a sua comunidade. As memórias, os afetos são únicos para esse povo", ressalta Stela.
"Às vezes as pessoas não se dão conta de como são protagonistas da sua própria história e de que são importantes por terem histórias para contar"
A escritora, que registrou no papel as oficinas realizadas com o grupo de idosos "Unidos venceremos", agora quer ver esse material virar livro, o que deve acontecer ainda este ano. "É uma forma de valorizar a memória da comunidade, a memória das pessoas da comunidade. Que leitura os idosos vão fazer da vida? A gente lê também com a vivência, como ensina (o educador) Paulo Freire", destaca. O livro vai reunir histórias que mobilizaram a comunidade e que se perpetuaram através dos tempos. "As pessoas imprimiram tal veracidade aos causos que narravam a ponto de misturar experiências pessoais aos relatos, um misto de fantasia e realidade", reforça Stela Siebra.
A primeira mesa de debates está gravada no canal da Biblioteca Caranguejo Tabaiares no YouTube.
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