E o Projeto Les Crabes ganha
destaque em uma publicação da revista Acene para o Conhecimento, confira tudo o
que foi publicado na edição 06 de
maio/junho de 2014.
INICIATIVAS ATENDEM ALUNOS DO GINÁSIO PERNAMBUCANO E DA
COMUNIDADE CARANGUEJO TABAIARES
Um brasileiro de classe media,
mesmo que nunca tenha frequentado um curso de língua estrangeira, tem o
vocabulário cotidiano inundado de palavras oriundas do inglês. Embora a supremacia
da língua anglo-saxã ainda indiscutível, tem crescido a procura pelo francês e
pelo alemão. E é com o objetivo de difundir conhecimentos e garantir mais
oportunidades a estudantes recifenses de escolas publicas que dois projetos
sociais de educação estão preparando alunos a se comunicarem sem fronteiras.
Os moradores da comunidade
caranguejo Tabaiares, no bairro de afogados, zona oeste do recife, até
estranharam no começo, mas logo se acostumaram ao ouvir, nas vozes de cerca de
dez crianças de 7 a 13 anos, o som melodioso do francês. Comme tu t’appelle” ou
“bonjour” são frases que saúdam aqueles que visitam a biblioteca local, onde
são ministradas as aulas do Projeto Les Crabes. O termo, que em português
significa caranguejo, é uma homenagem ao nome da localidade
Para entender melhor essa
historia, vamos voltar um pouco no tempo. Tudo começou em 2009, com um acordo
cooperativo firmado entre a prefeitura de recife e a cidade francesa de Nantes.
Na época, um dos resultados do acordo foram aulas de francês para pessoas da
comunidade. Por uma serie de problemas técnicos, o projeto acabou não indo
adiante. No entanto, durante o programa, os alunos do recife passaram a trocar
mensagens com as crianças integrantes de um outro projeto “Nantes lit dans la
rue” ou Nantes lê na rua, realizado por Jeanne Vilbert. A educadora leva livros
a praças e ruas de Malakoff, um bairro de imigrantes árabes e africanos da
cidade de Nantes, na França, para incentivar o habito da leitura. Com o fim das
aulas, as cartas continuavam chegando, mas ninguém conseguia ler o conteúdo em
francês.
Na época, a então aluna do curso
de letras da UFPE Lorena Santos foi convidada pela liderança comunitária de
caranguejo Tabaiares para ler e-mails e documentos que chegavam a instituição.
“Quando li o material, fiquei louca! Como professora, compreendi toda a riqueza
e as possibilidades que estavam ali e resolvi organizar um projeto voltado para
a biblioteca como um todo”. No inicio do ano passado, o projeto foi iniciado
com uma turma que se mantem até hoje. Doações de livros didáticos e material
escolar ajudam a manter o trabalho, que já foi reconhecido pela própria prefeitura
de Nantes, funcionando. Para se ter uma ideia, a biblioteca do bairro tem um contingente
de mais de 170 livros infantis em língua francesa, provavelmente o maior do
recife.
Lorena comemora a possibilidade
de democratização do conhecimento que o projeto traz para os alunos. “Eu me
emociono de ver que uma língua estereotipada como estilista chegue a crianças
que não teriam como pagar por isso, mas agarram com força a oportunidade.” A
professora explica que um dos motivos para a o resultado do projeto sertão bom
é justamente o fato que os meninos não trazem esse preconceito. “Eles não tem
limitação na cabeça e tento mostrar que aprender é fácil, é possível. Eles já
sabem palavras, frases e números, e também reconhecem a sonoridade da língua,
que antes eles nem sabiam que existia”, conta a professora, que quando iniciou
o projeto, foi questionada se aquela língua estranha era o inglês.
O fato de haver um diálogo entre
as crianças de Nantes e as brasileiras também facilita o aprendizado. “O que os
alunos aprendem é usado na pratica. Eles estudam porque querem, porque gostam
de estar aqui. Vejo isso neles!”.
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