segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Publicação sobre o Projeto Les Crabes

E o Projeto Les Crabes ganha destaque em uma publicação da revista Acene para o Conhecimento, confira tudo o que foi publicado  na edição 06 de maio/junho de 2014.

INICIATIVAS ATENDEM ALUNOS DO GINÁSIO PERNAMBUCANO E DA COMUNIDADE CARANGUEJO TABAIARES

Um brasileiro de classe media, mesmo que nunca tenha frequentado um curso de língua estrangeira, tem o vocabulário cotidiano inundado de palavras oriundas do inglês. Embora a supremacia da língua anglo-saxã ainda indiscutível, tem crescido a procura pelo francês e pelo alemão. E é com o objetivo de difundir conhecimentos e garantir mais oportunidades a estudantes recifenses de escolas publicas que dois projetos sociais de educação estão preparando alunos a se comunicarem sem fronteiras.

Os moradores da comunidade caranguejo Tabaiares, no bairro de afogados, zona oeste do recife, até estranharam no começo, mas logo se acostumaram ao ouvir, nas vozes de cerca de dez crianças de 7 a 13 anos, o som melodioso do francês. Comme tu t’appelle” ou “bonjour” são frases que saúdam aqueles que visitam a biblioteca local, onde são ministradas as aulas do Projeto Les Crabes. O termo, que em português significa caranguejo, é uma homenagem ao nome da localidade

Para entender melhor essa historia, vamos voltar um pouco no tempo. Tudo começou em 2009, com um acordo cooperativo firmado entre a prefeitura de recife e a cidade francesa de Nantes. Na época, um dos resultados do acordo foram aulas de francês para pessoas da comunidade. Por uma serie de problemas técnicos, o projeto acabou não indo adiante. No entanto, durante o programa, os alunos do recife passaram a trocar mensagens com as crianças integrantes de um outro projeto “Nantes lit dans la rue” ou Nantes lê na rua, realizado por Jeanne Vilbert. A educadora leva livros a praças e ruas de Malakoff, um bairro de imigrantes árabes e africanos da cidade de Nantes, na França, para incentivar o habito da leitura. Com o fim das aulas, as cartas continuavam chegando, mas ninguém conseguia ler o conteúdo em francês.

Na época, a então aluna do curso de letras da UFPE Lorena Santos foi convidada pela liderança comunitária de caranguejo Tabaiares para ler e-mails e documentos que chegavam a instituição. “Quando li o material, fiquei louca! Como professora, compreendi toda a riqueza e as possibilidades que estavam ali e resolvi organizar um projeto voltado para a biblioteca como um todo”. No inicio do ano passado, o projeto foi iniciado com uma turma que se mantem até hoje. Doações de livros didáticos e material escolar ajudam a manter o trabalho, que já foi reconhecido pela própria prefeitura de Nantes, funcionando. Para se ter uma ideia, a biblioteca do bairro tem um contingente de mais de 170 livros infantis em língua francesa, provavelmente o maior do recife.

Lorena comemora a possibilidade de democratização do conhecimento que o projeto traz para os alunos. “Eu me emociono de ver que uma língua estereotipada como estilista chegue a crianças que não teriam como pagar por isso, mas agarram com força a oportunidade.” A professora explica que um dos motivos para a o resultado do projeto sertão bom é justamente o fato que os meninos não trazem esse preconceito. “Eles não tem limitação na cabeça e tento mostrar que aprender é fácil, é possível. Eles já sabem palavras, frases e números, e também reconhecem a sonoridade da língua, que antes eles nem sabiam que existia”, conta a professora, que quando iniciou o projeto, foi questionada se aquela língua estranha era o inglês.

O fato de haver um diálogo entre as crianças de Nantes e as brasileiras também facilita o aprendizado. “O que os alunos aprendem é usado na pratica. Eles estudam porque querem, porque gostam de estar aqui. Vejo isso neles!”. 

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